Voluntariado em um templo Budista Kadampa Brasil.
- Raiza Nagel
- 8 de dez. de 2024
- 6 min de leitura
Atualizado: 8 de dez. de 2024
Quando eu decidi usar as férias do trabalho para fazer um voluntariado em um Centro de Meditação Kadampa Brasil.
Vou contar a minha visão sobre o voluntariado e tentar trazer para vocês mais clareza sobre o dia a dia do voluntário nessa experiência.
Fui influenciada por uma amiga a fazer esse voluntariado. Não sabÃamos muito sobre a experiência a não ser o que estava descrito no site do Kadampa, mas como eu já conheço o Budismo, gostei da ideia de ficar imersa uma semana em um centro Budista e comecei a me organizar para dar certo.
Nas fotos: Frente do Templo Kadampa; Eu e o Monge Kensang Gengden.
Para fazer o voluntariado é preciso realizar um cadastro que pode ser feito pelo próprio site do Kadampa ou pelo Worldpackers. Eu fiz meu cadastro pelo site Kadampa, selecionei a semana que estaria de férias no trabalho, preechi o formulário e dentro de 2 a 3 dias o pessoal do Kadampa fez um contato comigo.
Foi marcada uma conversa via ligação no whatsapp explicando sobre o voluntariado e perguntando se estava de acordo com as instruções passadas para seguir no processo. De acordo com as instruções, recebi um e-mail apenas formalizando a conversa por whats. Hora de se organizar para a experiência!
Organizando a mala: Quais roupas levar?
Apesar da equipe do Kadampa dar uma orientação sobre esse tópico, acho legal contar a minha expriência. Eu fui no perÃodo de 25/11 a 02/12 e estava super calor por lá, todos os dias a média era 32ºC com um sol muito forte. A primeira dica é: pesquise a previsão do tempo para a semana que estiver no Kadampa.
Como se trata de um voluntariado onde você troca seu trabalho por hospedagem/comida, eu levei roupas bem confortáveis, como legging, camisa, shorts, um casaco em caso de mudança de temperatura, uma roupa mais bonitinha para usar nos perÃodos pós trabalho, tênis (de couro ou impermeável), havainas, boné (me salvou muito), leve protetor solar e repelente. A depender do setor que você irá trabalhar, aconselho e ter roupas que possa sujar sem medo. Dicas de ouro: lembre-se que você está em um centro budista, nada de roupas curtas, degotadas.
Como chegar ao Centro de Meditação Kadampa Brasil?
A depender da região do paÃs que você vem, há algumas formas para se chegar ao Centro de Meditação Kadampa Brasil que se localiza na cidade de Cabreúva, SP.
O trajeto precisa ser feito de ônibus ou caso consiga, de Uber.
Terminal Rodoviário Barra Funda (SP) x Jacaré
Terminal Rodoviário de Jundiaà x Jacaré
Terminal Rodoviário de Itu x Jacaré
A passagem pode ser comprada em Vale do Tiête. Você deve descer em frente ao Supermercado Sonda. Dali para o Templo Budista, é necessário pegar um Taxi (+/- 40,00) ou um Uber ( +/- 15,00).
Importante: o horário de entrada no centro budista é das 14h as17h. Chegando antes ou depois desse horário você não conseguirá entrar pois não haverá alguém na portaria. Esse ponto é muito importante e tem história! Siga as regras.
Voluntário: dia a dia.
A segunda-feira, que é o dia de chegada, possui apenas uma atividade que é uma reunião as 17h com o Monge Lojong.
Nessa reunião ele dá uma visão geral de como funciona o templo, o que pode e não pode e o que esperar dos próximos dias.
Também somos recepcionados pelo Monge Kelsang Drime. Fomos presenteados com um livro, O espelho do Dharma, escrito pelo G. K Gyatso, fundador do Kadampa.
Na manhã seguinte, as 9h acontece a primeira reunião dos voluntários. Na semana que eu participei, estávamos em um total de 18 pessoas, de todos os cantos do paÃs e de idades que variavam de 20 a 55 anos.
Na reunião é informado aos voluntários qual setor você ficará pela próxima semana, que são elas: área externas (jardim), manutenção, limpeza e cozinha. Eu fui selecionada para a limpeza.
O dia a dia do voluntário segue basicamente o cronograma a seguir:
7:00h - 9:00h: Café da manhã
8:30h: Meditação no Templo (opcional)
9:00h: Reunião de voluntários e inÃcio das tarefas
10:30h: Pausa para coffee break
11:00h: Retorno ao voluntariado
12:00h: Almoço
13:30h: InÃcio do turno da tarde
15:00h: Pausa para coffee break
15:30h: Retorno ao voluntariado
16:30h: Encerramento do turno do dia.
18:00h: Preces no Templo (opcional)
18:00h - 20:00h: Jantar
20:00h: Aula no Templo em alguns dias da semana (opcional)
Não se engane que por ser em um Templo Budista você vai ficar meditando e contemplando o local o dia inteiro. O local onde o Templo se localiza é extremamente grande e é mantido apenas por voluntários e por coordenadores que moram no lá. Sempre há muita coisa a se fazer.
Eu trabalhei muito todos os dias, desde lavar banheiros, limpar a cafeteria, limpar o Templo, limpar e limpar. Aqui a importância de roupas confortáveis e do calçado de couro ou impermeável porque você acaba mexendo com água na maioria das vezes.
Consegui participar dos ensinamentos que foram dados no Templo mas não consegui participar de todas as atividades como meditação e preces porque muitas vezes estava bem cansada do trabalho.
Nas fotos: 1º dia, chegada no Templo; Dia de perguntas e respostas com o Monge Kelsang Drime, voluntários e hóspedes; Eu na cafeteria; Monge Kelsang Gengden e nós voluntários.
Comida e habitação: Como funciona?
A comida no Templo é vegana e ovolactovegetariana e muito bem servida. Não se preocupe que você não irá passar fome de jeito algum.
O café da manhã é servido das 7h as 9h com opções de leites, iogurte, sucos, queijo, pão, pasta de amendoim, geléia, sucrilhos, ovos e café. Tudo à vontade!
As 10:30h temos uma pausa no trabalho e acontece um café na cozinha, com bolacha, chá, pasta de amendoim, yogurte, sucrilhos e café feito especialmente pelo Monje Kelsang Genden.
O almoço varia bastante, cada dia temos um prato diferente, sempre incluÃdo ovos e muita salada.
A tarde, as 15:30h mais uma pausa para fazer um lanche com as mesmas opções da pausa da manhã, e a noite temos a janta, das 18h as 20h, onde é servido comida mesmo, sempre diferente da opção do almoço.
As refeições são muito pontuais.
Os dormitórios são bem confortáveis. Mulheres e homens ficam separados. Você irá dividir o quarto com mais voluntários e dormirá em beliches.
As habitações contam com ventilador de teto e persiana automática, deixando o quarto bem escuro a noite. É necessário levar roupas de cama. Você será orientado sobre esse tópico pelo Kadampa.
Os banheiros também são compartilhados. Achei amplos, novos e com água quentinha.
Nas fotos: Lentilha, arroz, salada, ovos; Hamburger e batatinha; Baião de dois e salada; Batatinha, salada e tofu.
E aÃ, vale a experiência? Minha visão sobre o voluntariado.
Essa resposta vai depender do que cada um está buscando ao se inscrever no voluntariado. Para mim, valeu! Iria de novo? Acredito que não, sendo que no meu caso, usei as férias do trabalho para estar lá. Nesse perÃodo eu sempre viajo, mas dessa vez quis fazer algo diferente.
Pontos negativos sobre o voluntariado: a carga horária é bem puxada, são 5h por dia de voluntariado mas com as pausas para o café, ficamos na função do trabalho o dia inteiro. Aos finais de semana a carga horária é de 6h. Eu fiquei na cafeteria e foi um pouco mais tranquilo, mas eu já estava bem cansada da seamana inteira. Não estou acostumada a pegar pesado na faxina e meu corpo sentiu bastante.
Pelo trabalho ser pesado, eu fiquei muito cansada e acabei deixando de participar de algumas atividades no Templo. Confesso que minha meditação lá não foi das melhores, porque eu estava constantemente cansada, fazia muito calor o dia inteiro e ao final do "expediente" a vontade era tomar um banho e descansar.
Pra mim foi um momento de profunda reflexão sobre vários temas da minha vida, as emoções ali são amplificadas, muitos questionamentos enquanto eu limpava um banheiro, ou tirava todas as cadeiras da cafeteria para limpar o chão. Muitas situações acontecem para te mostrar coisas que não vemos na correria do dia a dia.
As noites do chá com o pessoal do voluntariado era um momento muito legal, onde nos conheciamos e falamos de tudo que vocês possam imaginar. Algumas vezes o Monge Kelsag Genden participava e nós enchÃamos ele de perguntas. Um momento realmente único.
Eu até ganhei uma festa de aniversário (que foi durante o voluntariado) com direito a bolo, vela, parabéns e participação do Monge Genden. Aqui o coração ficou muito quentinho.
Mas de uma coisa eu tenho certeza, o voluntariado só teve esse significado por causa das pessoas que ali conheci. Elas foram realmente incrÃveis.
Nas fotos: Amigas do voluntariado; Conversas na mesa de café; Templo Kadampa; Eu e Nat; Eu e o Monge Kelsang Drime; Mais amigas do voluntariado; Eu eu um raro momento de leitura; Templo Kadampa; Eu e Lis trabalhando no café.